quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Impulsos!

Pranchas nunca faltaram cá por casa...
Da mãe, do pai (váaaaaarias!) e até dele!
Do pai, sempre viu um entra e sai de pranchas-e-fatos-e-barbatanas...
Sempre que vamos à Praia, vê os "amigos da família" no mesmo registo.
Um destes dias, estava a banhos, com o seu fatinho catita e começa a apontar , com o já conhecido:
"Hmm".
Olhei em volta e não consegui perceber.
O que me passava despercebido, não passou aos olhos da prima Carolina:
Lá estava um rapaz a surfar, no sitio para onde apontava!
Não satisfeito, começou a andar no sentido do rapaz...
Manobra de "diversão" e lá o dístraí!
Está-lhe no sangue!

Tão pequenino...

... e já sabe o que é bom!
De há uns tempos para cá, cada vez que vê um,
fixa o olhar ,aponta e exclama: "Hmmm"!
E fica ,atento, à espera de os ver passar!

Come a papa...

(este paizinho é bem feinho)


Nem doente o Martim dá tréguas às gracinhas!
Ontem fez questão de dar a "papa ao pai", à boca.
Literalmente.
Pegava em bocados de comida e truc: boca do pai!
Até que se fartou e começou a atirar com comida para todo o lado.

P.S. Tem estado muito bem disposto e menos choroso!:)

Sabrinas Encarnadas

Lembro-me de ser muito-mini-piti-pikinina e passar muito tempo em hospitais.
Ora com crises de asma sistemáticas (que de tão periódicas já era conhecida),
ora com surtos próprios da idade.
Recordo-me de à minha cabeceira, ter sempre 2 rostos: o meu Pai e a minha Mãe.
Que me davam a mão, afagavam o cabelo e me transmitiam calma,
quando eles próprios estavam com muito receio.

Tinha sensivelmente 6 anos quando me foi diagnosticada uma meningite linfocitária
 [com aquela idade pronunciava a patologia perfeitamente, e explicava o que era!]
 tardiamente, e depois de muita negligência médica.
Corri meio mundo de especialistas,
que não conseguiam decifrar o meu sistema imunitário e diziam que se tratava ,
apenas ,de excesso de mimo.
O excesso-de-mimo (como simpaticamente lhe chamaram),
meteu-me na Unidade Infecto-Contagiosa do Hospital D. Estefânia
durante mais de um mês, isolada, sem poder receber visitas.

Nos primeiros dias via os meus pais pelo vidro,
e só dias depois me começaram a visitar cheios de "batas e máscaras verdes".
Lembro-me de ouvir conversas entre enfermeiras e médicos,
 que entre-dentes diziam que eu não ía sobreviver.

Lembro-me de ver isso espelhado nos olhos dos meus pais,
que me sorriam,animavam e levavam presentes como-se-o-mundo-fosse-acabar.
Barriguitas, Pinypon's, Barbies... tudo novo!
Cada visita era uma surpresa diferente.

Achava todos aqueles presentes um exagero, mas só depois vim a perceber,
que tudo o que entrava naquela unidade, já não saía.


Lembro-me de chorar, muito, à noite,
sozinha e de pensar que ía morrer, mesmo sem perceber bem o que isso era.
Tinha os braços desfeitos... tanto, que as enfermeiras tinham dificuldade em arranjar pele para me administrarem injecções, de tanto catéter e medicação levar.
Da escola, vinham desenhos e postais dos colegas...

Um dia, e subitamente, sem que nada o fizesse prever, comecei a melhorar.
Do meu pediatra, guardo uma saudade e um carinho especiais,
que hoje sinto na Drª MLB (pediatra do Martim)...
de me ir visitar, de me dar a mão e dizer que logo, logo ía ficar boa!
(Há uns anos encontrei-o ,enquanto fazia voluntariado na Estefânia, e passados uns 10 anos da última vez que nos tinhamos visto, reconheceu-me logo!)

No dia em que tive alta... na sala de espera estava montada uma Festa:
Balões, roupa nova e sapatos novos.
Umas sabrinas encarnadas , que me lembro como se fosse hoje!
Os meus pais e a minha querida Tia Rosa (mãe da Carolina)...
Bem tentaram disfarçar, mas choraram que eu vi.

Anos depois os meus pais contaram-me que, na altura,
 lhes disseram para se preparem para o pior.
Há nome para quem perde os maridos (viúva),
para quem perde os pais (orfão),
mas existirá palavra para quem perde os filhos?!?

Há 3 noites que não durmo... também eu, sigo o exemplo dos meus Pais: seguro-lhe na mão e sorrio...
Essa foi ,sem dúvida, a maior lição de "parenting" que os meus pai me deram.