sábado, 25 de julho de 2009

* M A R T I M *



Precisamente uma semana depois (e uma hora!) dou por mim embevecida a dividir olhares entre o portátil e o sofá, onde a minha estrela-do-mar sonha...
E assim reza a história:
Sábado, 18 de Julho de 2009
-Acordei, como nos últimos dias, cheia de dores... Enquanto me tentava "mexer", resolvemos ir tomar o pequeno-almoço à pastelaria do costume, onde já me começam a perguntar frequentemente "quando nasce o bebe?"... Tomo banho nas calmas, visto-me e deito-me no sofá a fazer um zapping , enquanto espero pelo Pai do Martim...

Eram 10h05, sinto a bolsa rebentar... Que sensação estranha! Como se transportasse um balão de água (daqueles do carnaval) no ventre, e tivesse rebentado!
Com muta calma vou à casa-de-banho, enquanto o Pai do Martim, me perguntava: É mesmo?
Sim. Era mesmo!
Lavei-me, pegamos nas malinhas e 10 minutos depois estava a dar entrada no hospital.
Estava calma, serena... Sabia que em breve chegaria o momento que tanto ansiava.
Fui observada nas urgências, onde me fizeram CTG, Toque, e me disseram: Daqui já ó saí com o seu bebe... fica já internada!
Quando me apercebi, já vivia a "cena" caricata de entregar o saquinho azul ao Pai do Martim(saco onde se coloca a roupa e valores, antes de vestir aquelas batas lindas da maternidade!).
Subi para o primeiro piso, e o nervoso miudinho começava... meteram-me a soro, e agora restava aguardar!

Mal sabia eu que aguardaria tantoooooo...
O pai do Martim esteve sempre no hospital, eu fui à enfermaria e perguntei se podia estar na sala de espera com ele, que me sentia mais confortavel... acederam ao pedido e foi na sala de espera que passei grande parte do dia de sábado... entre visitas dos meus pais e da minha priminha, o dia foi passando!
Seriam 9 da noite quando a Carolina chegou com um saco de gomas, que comecei a comer e não terminei... as dores começaram , e evitei ao máximo transmitir-lhes o que sentia, mas de alguma forma começava a ser impossível.
Disse-lhes (pai do Martim e Carolina) que tinha de tentar descansar, e fomos mantendo o contacto pelo telefone...
Aqui começa o Pesadelo...
A partir das 9 da noite as dores foram-se intensificando... começando por ser apenas contracções de 10 em 10 minutos, rapidamente evoluindo para 5!
Dilatação: nem vê-la!
Comecei a desesperar... as dores eram (o que eu julgava!) insuportáveis... chamei várias vezes as enfermeiras que me diziam: "ter de aguentar, pois não podia tomar nada!"
Eram 3 da manhã quando aparece uma médica, e me diz "ainda está muito atrasada!"...
Pensei que ía morrer... as dores estavam a piorar e a intensificar-se cada vez mais!
Passei a noite sem dormir, a gemer entre lençois, não querendo ao mesmo tempo incomodar as pessoas que descansavam à minha volta!
Ao amanhecer comecei a perder a lucidez... juro que as dores eram tão fortes, que muitos eram os momentos em que a minha mente se libertava do corpo para fugir!!!
Quando o pai do Martim chega, nem queria acreditar!
Eu estava desfeita...
Ele só se lembrou única coisa a fazer: ligar à D.Olinda (enfermeira-parteira aposentada que havia trabalhado lá, e é uma espécie de 2 mãe) para vir em meu socorro!
Foi buscá-la e quando me apercebi, já havia muta agitação à minha volta... medicos, enfermeiras... quando vi que a D. Olinda já estava na minha cabeceira a dar-me a mão:
-Força, coragem, minha filha... respira!

As lágrimas escorriam-me pela cara... nunca pensei viver tamanha dor... não consigo sequer descrever...
A titulo excepcional, deixaram os meus pais entrar por instantes... eu não queria!
Ao verem-me ficaram arrasados... chegando a equacionar, chamar uma ambulância e ir para a Cuf ou outro hospital particular...
A D. Olinda foi o meu Anjo da Guarda, se não fosse ela, não sei mesmo o que teria sido de mim...
Eram 14h00 quando me mandaram tomar um comprimido para induzir o parto.

28 horas depois de dar entrada no hospital, era a primeira vez que alguém fazia alguma coisa no sentido de resolver a situação...
Os minutos, demoravam horas... as contracções eram já de 3 em 3 minutos!
Seriam sensivelmente 15h, quando chega uma enfermeira, faz-me o toque, pisca-me o olho e diz em alta voz: Está com 3 cm... Vai já para baixo!
Até hoje não sei se era mesmo verdade...
O que é certo é que minutos depois estava já no bloco de partos, numa box a aguardar a epidural!
Comecei a sucumbir à dor... sentia as forças a escassearem, ligaram-me a um aparelho onde ouvia o meu coraçao e o do Martim.
O meu batia devagar, muito devagar! E eu deixava-me ir ao som do batimento...
Aparece uma médica a dizer para eu ler e assinar a autorização da epidural... LER?
Só lhe disse, onde assino?
Disse-me que tinha de ler, fingi que o fiz e assinei prontamente.
Eram 16h quando me deram a epidural... Perguntei a que horas começaria a fazer efeito...
"Dentro de sensivelmente 15 minutos"...

Eram 16h15 quando renasci para a Vida!!!
Só me lembro de dizer: "Quando sair daqui mando fazer uma T-Shirt a dizer I LOVE EPIDURAL!"
Tudo passou... as dores, a ansiedade, os nervos... estava calma, serena e esperava , sem desesperar o momento...
O pai do Martim entra... fiquei tão feliz ao vê-lo, e ele ao ver-me finalmente bem...
O enfermeiro vem observar-me e diz que ainda demoraria um pouco, para se sentisse vontade de fazer força, não o fazer...
Comece a sentir vontade de fazer força, e chamei-o...
Ele voltou, nem queria acreditar! Já se via a cabecita! Só me disse: deixe-me por as luvas e vestir a bata!!!
Deu-me o reforço da epidural (que eu obviamente pedi!!!) e começou o momento mais belo da minha vida! :)
"-Forçaaaaaaaaaaaa!!!!"

Sei que fiz força 3 vezes, e a julgar pelas caras sorridentes... já estava!
"Agora é comigo!", disse o enfermeiro... senti algo a escorregar... quando olho:
Eram 18h34: BEM-VINDO MARTIM!
Palavras não chegam para descrever aquele momento. O mais mágico da minha vida!
O tempo parou, e por instantes nao havia ninguém à volta... apenas eu e aquele pequeno ser, que me olhava parecendo reconhecer-me...
Perguntara-me se o queria colocar em cima de mim, antes de ser limpo.
Claro que sim!
Com ele no peito, percebi que naquele momento nada jamais seria igual.
Ele era tão frágil, quanto bonito...
Tão perfeito, quanto doce...
Mais do que algum dia podia imaginar!
Este Amor-Mais-que-Perfeito, não tem limites!
Descobri que o meu coração deixou de bater dentro do meu peito!...
(mais tarde continuo , o Martim chama por mim!)